2024 Autor: Steven Freeman | [email protected]. Última modificação: 2023-12-17 08:19
José Antonio Silva pode se sentir um homem extremamente sortudo depois que o capricho do acaso fez dele o último cubano a se beneficiar na quinta-feira da política de pés secos, pés molhados, que permitia que cubanos sem visto ficassem nos Estados Unidos.
"Graças a Deus consegui entrar", disse Silva, professor de informática de Puerto Padre, 35 anos, a um repórter da cadeia de jornais McClatchy depois de atravessar o México pelo posto de fronteira em Laredo, no Texas. "Eu fui o último."
Eram 19h e, literalmente, atrás dele, a fronteira foi fechada por dezenas de milhares de cubanos que cruzaram nos últimos 20 anos para deixar para trás os problemas econômicos e políticos de seu país, a fim de iniciar uma nova vida nos Estados Unidos.
Naquela época, a ordem do presidente Barack Obama, promulgada sem aviso prévio, revogava a política de "pés secos, pés molhados" adotada pelo governo Bill Clinton em 1995, em resposta à crise das vigas do ano anterior. e que permitia aos cubanos entrar sem visto e posteriormente acessar a residência.
Silva conseguiu entrar após o prazo, explicou, porque havia enviado os documentos bem a tempo. Pouco antes, Yuniesky Marcos Roque havia feito isso com seu filho de 7 anos, Kevin, que foi informado pelo agente de fronteira que os assistiu que ele era o último a entrar.
"Estou muito emocionado. Eu vim para ele, para que ele tenha um futuro melhor. Estou aliviado por ter conseguido, mas triste por aqueles que estavam esperando na ponte ", acrescentou ele a McClatchy.
De fato, o governo Obama decidiu anunciar sem aviso prévio a revogação imediata da política de imigração para impedir uma saída maciça dos cubanos, pela fronteira mexicana ou atravessando o perigoso estreito da Flórida que separa Cuba dos Estados Unidos.
A medida mergulhou em angústia as centenas, senão milhares, de cubanos estimados em trânsito para os Estados Unidos no México e na América Central, que em muitos casos gastaram grandes quantias de dinheiro para atingir seu objetivo.
"Perdemos tudo", disse à BBC o cubano José Enrique Manresa, que está no abrigo Jesús del Buen Pastor em Tapachula, no estado mexicano de Chiapas. "Toda a jornada que fizemos foi inútil para nós, arriscando nossas vidas."
Apesar de a decisão de Obama, oito dias após o final de sua presidência, deixar todos desconfiados, muitos cubanos temiam que a normalização das relações entre os dois países pudesse levar à revogação desse privilégio migratório.
Desde o término do relacionamento em janeiro de 2014, o número de cubanos que chegaram aos Estados Unidos praticamente dobrou de ano para ano.
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